Gerenciamento de obras: como fazer a gestão de resíduos na construção civil?

O que fazer com os resíduos da construção civil? É necessário pensar de forma estratégica sobre a gestão de resíduos na construção civil.

Toda pessoa que já fez uma reforma em casa sabe que a quantidade de resíduo produzido na construção civil é gigantesca. Quantas caçambas foram necessárias para limpar tudo que não seria utilizado? 2, 3, mais?

Se pensarmos que reformas em casa são obras muito mais simples que a construção de um prédio, por exemplo, a questão dos resíduos se torna ainda mais problemática.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, ou PNRS, resíduos da construção civil são:

aqueles gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis.”.

Em resumo e de forma simples, o resíduo é o lixo acumulado em uma obra de construção civil de qualquer tipo. No entanto, mesmo que o volume de resíduos gerados seja imenso, a maior preocupação é o que acontece com ele.

  • Existem formas de reduzir a produção de resíduos? 
  • Existe um jeito certo de “se livrar” deles? 
  • De quem é a responsabilidade? 
  • Como deve ser feito? 

São essas as perguntas, e soluções, que ganham foco na gestão de resíduos.

A destinação correta, o foco em sustentabilidade e reciclagem e a otimização de processos que evitam desperdícios podem reduzir muito os impactos causados no meio ambiente e no orçamento das obras.

Quer descobrir como gerenciar as obras e fazer uma gestão de resíduos eficiente? A gente explica.

Gestão de resíduos na construção civil: é preciso conhecer seu “lixo” 

Municípios e os responsáveis pela obra que gera os resíduos possuem a responsabilidade de gerenciar como eles serão tratados. 

Essa não é apenas uma constatação lógica de responsabilidade, mas prevista na legislação.

O foco, no entanto, não fica apenas em como descartar esses materiais, mas em buscar forma de reduzir sua produção, além de alternativas que permitam reciclagem e reutilização, quando possível.

Para conhecer os resíduos e saber como tomar as melhores decisões, primeiro, é preciso entender como eles são classificados. Um bom guia é a cartilha Gestão de Resíduos na Construção Civil: Redução, Reutilização e Reciclagem

Nela encontramos os direcionamentos da Resolução 307 do CONAMA, onde os resíduos sólidos da construção civil são classificados em 4 tipos: A, B, C ou D.

Resíduos Classe A

São aqueles que são produzidos e podem ser reciclados ou reutilizados dentro da construção civil. É o caso de materiais de terra removida na terraplanagem, tijolos, blocos, telhas, argamassa, concreto, demolição de peças pré-moldadas, entre outros.

Resíduos Classe B

Aqueles produzidos no canteiro de obras e reutilizáveis ou recicláveis para uso fora da construção, como materiais de plástico, vidro, papel, metais, embalagens, gesso e outros.

Resíduos Classe C

Resíduos que não podem ser reutilizados ou reciclados por falta de tecnologia ou por não existirem opções economicamente viáveis para seu reuso, como é o caso dos resíduos gerados na produção, corte e manuseio do gesso.

Resíduos Classe D 

São aqueles considerados perigosos, que não podem ser reutilizados e que devem ter tratamento especial para evitar a contaminação de pessoas e meio ambiente, como tintas, solventes, óleos e peças que contenham amianto, por exemplo.

Para onde e como enviar os resíduos de cada classe?

Existe uma destinação específica para cada classe de resíduos, garantindo que os impactos ao ambiente sejam os mínimos possíveis, uma vez que os resíduos já foram gerados.

Claro, o ideal é buscar, na gestão de obras, uma forma de reduzir a produção de resíduos. Para quando for impossível evitar, veja como descartar cada classe de material:

Resíduos de Classe A

Esses materiais podem ser reutilizados em outros canteiros de obra, seja para a terraplanagem ou construção de alicerces, entre outras funcionalidades.

Quando não for feita a reciclagem, os resíduos deste grupo devem ser encaminhados para aterros especializados em receber materiais da construção civil, onde são separados e organizados para serem reutilizados por outras empresas.

Resíduos de Classe B

Todos os materiais na classe B são recicláveis em setores fora da construção civil. Assim, a construtora deve ou reutilizá-los ou enviar para centros de armazenamento temporário, onde ficarão até que alguém faça uso desses resíduos.

Resíduos de Classe C

Pela falta de tecnologia para reciclagem, esses resíduos são descartados imediatamente. 

Cada material tem uma destinação diferente, sendo necessário consultar as normas técnicas para saber para onde mandar cada tipo de resíduo dessa categoria.

Resíduos de Classe D

Por serem resíduos que fazem mal para pessoas e meio ambiente, seguem as recomendações da Resolução 348 de 2004 da Conama. 

Assim como os de classe C, possuem formas específicas para armazenagem, transporte e descarte, de forma que não causem riscos.

Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil para uma gestão eficiente

Também conhecido pela sigla PGRCC, esse plano de gerenciamento de resíduos serve como um guia do que deve ser feito para que a PNRS e as Resolução do Conama sejam obedecidas ao tratar os resíduos da construção.

Cada construtora elabora seu plano de gerenciamento de resíduos de acordo com o que produz de lixo nas obras, garantindo que se desenvolva um guia específico do que fazer no canteiro com os resíduos produzidos.

Mais do que um guia, esse plano é um documento essencial exigido por lei, para obras que precisa de licenciamento ambiental antes de serem executadas, sendo acompanhado, como acontece com o cronograma e planejamento, a cada etapa da obra. 

Claro, se for possível realizar para todas as obras, melhor. 

Acaba se tornando um diferencial de sustentabilidade para a construtora.

Existem 7 etapas para o Plano de Gerenciamento de Resíduos na Construção Civil:

Etapa 1: Caracterização

É exatamente o que você está imaginando: listar cada tipo de resíduo e produzido, identificando suas características e a qual classe pertence e descrevendo a quantidade de resíduo que será produzida pela obra.

Etapa 2: Triagem

É a separação prática dos resíduos gerados no canteiro de obras. 

Ela pode ser feita, também, nas áreas de destinação licenciadas, desde que o transporte desses resíduos seja feito de maneira correta.

Mais do que separar as classes, os próprios materiais são separados. 

Por exemplo, temos na classe B os produtos recicláveis que podem ser reutilizados fora da construção civil, como papel, plástico, vidro.

Eles chegam para a triagem juntos, separados apenas das outras classes. É na triagem que se coloca vidro de um lado, papel de outro, plástico de outro, e assim por diante.

Etapa 3: Acondicionamento

Aqui estamos falando de armazenagem. 

Como o plano é colocado em prática durante toda a obra, é melhor aguardar o fim de sua execução para enviar os resíduos para o destino final, seja ele aterros ou reaproveitamento.

No entanto, para que esse material chegue ao destino pós-obra sem causar danos às pessoas que cuidam deles ou ao meio ambiente, devem ser armazenados apropriadamente e é isso que é descrito e colocado em prática na terceira etapa.

Etapa 4: Transporte 

Segue o mesmo processo do acondicionamento, deve seguir as recomendações para cada classe de resíduos e não desfazer o trabalho de separação realizado pela triagem. 

É essencial pensar, também, na logística de custos e sustentabilidade para esse transporte (rotas mais curtas, menos viagens e etc), evitando que o consumo de combustível e liberação de gás carbônico sejam maiores que o necessário.

Etapa 5: Destinação

Depende da classificação do resíduo e deve seguir os direcionamentos das normas vigentes. 

Basta dizer que cada classe de materiais tem um destino diferente, onde receberão o tratamento adequado para que não se tornem poluição no meio ambiente.

Gestão de obras depende de cuidar dos resíduos

Não existe nenhum ponto de observação em que não dar a atenção necessária aos resíduos produzidos seja vantajoso para a construtora, mesmo sendo um processo burocrático e que gera custos.

Sem a gestão correta dos resíduos:

  • Existe risco de multas;
  • Descumpre-se a legislação;
  • Não é possível usar a sustentabilidade como diferencial competitivo;
  • Aumenta-se os riscos para a saúde dos trabalhadores.

A gestão de resíduos não precisa ser um desafio e escapar da burocracia e de ir contra a lei pode ser fácil. 

Basta uma gestão de obras eficiente que acompanhe o passo a passo da obra e que inclua, na observação do cronograma e relatório diário de obras, o controle dos resíduos produzidos.

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